Ação Social e Saúde
Os comportamentos suicidários constituem um flagelo da nossa sociedade contemporânea.
Contudo, na maioria dos casos, a pessoa escolheria outra forma de solucionar os problemas se não se encontrasse numa tal angústia que a impossibilita de considerar outras opções para além do suicídio. A intenção é geralmente parar a dor e não pôr termo à vida!
Acabar com os mitos!
Porque existem ainda muitas ideias erradas, importa desmistificar alguns mitos que existem na nossa sociedade acerca do suicídio.
MITO: “Tem que se ser louco para se pensar no suicídio!”
FACTO: De tempos a tempos, a maioria das pessoas tem pensamentos suicidas. A maioria dos
suicídios e das tentativas de suicídio é feita por pessoas inteligentes, temporariamente confusas, que exigem muito delas próprias, especialmente se estiverem em crise.
MITO: “Apenas certo tipo de pessoas comete suicídio”.
FACTO: Todo o tipo de pessoas comete suicídio – homens e mulheres, novos e velhos, ricos e
pobres, pessoas de meios rurais e meios urbanos; ocorre em todos os grupos raciais, étnicos e
religiosos.
MITO: “As pessoas que falam sobre o suicídio não o cometem”.
FACTO: 8 de 10 pessoas que se mataram verbalizaram a sua intenção previamente.
Falar acerca do suicídio diminui o risco?
Estudos mostram que discutir pensamentos suicidas com alguém (p.e. familiar ou profissional
de ajuda) pode ajudar a solucionar os problemas que contribuem para o pensamento suicida,
contudo, não garante a redução do risco de suicídio.
MITO: “As pessoas que tentam suicidar-se estão apenas a chamar a atenção”.
FACTO: As pessoas que ameaçam ou tentam suicídio estão na verdade à procura de ajuda.
Considerar este comportamento manipulativo não diminui de forma alguma o potencial letal das suas ações.
As tentativas de suicídio seguidas de procura de ajuda não são sérias?
Embora possa existir ambivalência no suicídio (desejo de viver e morrer simultâneos), isto não garante que a situação esteja livre de risco. Importa lembrar que a maioria das pessoas que cometem suicídio dá um aviso prévio.
Serão as tentativas de suicídio apenas gritos de ajuda?
Se a tentativa de suicídio for encarada como apenas um grito de ajuda, pode falhar-se em perceber a gravidade do problema. Geralmente, uma tentativa representa mais do que um pedido.
MITO: “Uma pessoa que tenha tentado suicidar-se não volta a tentá-lo”.
FACTO: O oposto é frequentemente verdade. As pessoas que fizeram tentativas prévias podem estar em maior risco de cometer o suicídio; numa segunda ou terceira vez, as tentativas de suicídio podem parecer mais fáceis para algumas pessoas.
MITO: “Discutir ou questionar acerca do suicídio pode sugeri-lo à pessoa?”
FACTO: Discutir intenções suicidas com a pessoa de uma forma sensível e direta pode diminuir o risco de suicídio. A abertura e preocupação dos outros em perguntar sobre o suicídio a uma pessoa vulnerável, vai permitir-lhe experienciar dor ao falar no seu problema, o que pode ajudar a reduzir a sua ansiedade. Isto pode também permitir à pessoa com pensamentos suicidas sentir-se menos só e isolada, e talvez um pouco aliviada.
MITO: “Quando uma pessoa que tentou suicidar-se se começa a sentir melhor, o perigo acaba”.
FACTO: A maioria dos suicídios ocorre 90 dias após a melhoria do estado mental da pessoa.
A probabilidade de cometer suicídio diminui à medida que a depressão diminui?
Pelo contrário, à medida que a pessoa fica menos deprimida desenvolve mais energia psíquica e física, que pode ser focada no comportamento suicida.
MITO: “Se uma pessoa está seriamente a considerar suicidar-se, não há nada que se possa fazer”.
FACTO: A maioria das crises suicidas tem uma duração limitada e baseia-se em pensamentos confusos. As pessoas que tentam suicidar-se querem livrar-se dos seus problemas. No entanto, é necessário que se confrontem diretamente com os mesmos para que possam encontrar outras soluções, o que pode ser feito com a ajuda de pessoas que as apoiem durante o período crítico, até que consigam pensar mais claramente.
A medicação pode parar o comportamento suicida?
Embora potencialmente útil para o tratamento a longo-prazo, a medicação pode não ser efetiva para a depressão imediata do paciente. De facto, alguns anti-depressivos (designados tricíclicos) podem mesmo ser letais em sobredosagem.
Fonte: The Student Counseling Virtual Pamphlet Collection, http://counseling.uchicago.edu/vpc/, adaptado por Carolina Ferreira, Psicóloga Estagiária no GAPsi - FCUL